PROLIP -
CRONOGRAMA DO MÓDULO “FIGURAS DE LINGUAGEM”
ALUNO-FORMADOR: Dulcinéia Ferrari
DATA
HORÁRIO
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CONTEÚDO DA AULA
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1
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Vamos apresentar as figuras de
linguagem mais comuns lançando questões plobematizadoras. a) Você já
conseguiu convencer alguém de algo só porque mudou o jeito de falar? Como? b)
De que forma você costuma dar ênfase a uma palavra em textos? Apresentar
imagens para testar conhecimentos prévios sobre as figuras de linguagem.
Trabalharemos com o anexo I e IV.
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2
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Apresentar mais detalhadamente as figuras de linguagem que
materializaram essa aula. Linguagem denotativa e Conotativa, Metáfora,
Metonímia, Linguagem verbal e não verbal. Trabalharemos com o anexo II.
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3
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Apresentar mais detalhadamente as figuras de linguagem que
materializaram essa aula. Antítese, Linguagem denotativa e Conotativa,
aliteração, comparação, inversão, anáfora. Breve explicação sobre o “eu
lírico”, pelo contexto da aula. Formar grupos de até cinco alunos para que
façam pesquisas e apresentem em sala, textos identificando as figuras de
Linguagem. Pode ser poema, música, crônicas, etc...Trabalharemos com o anexo
III
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4
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Apresentação dos trabalhos em grupo.
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5
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Avaliação por escrito do aprendizado. Anexo V.
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Plano de Aula
I - Data: ____/____/____
II - UNIP - Universidade Paulista
Professora:
Disciplina: Língua Portuguesa
1º ano – Ensino Médio
Noturno
III - Tema:Figuras de Linguagem
IV - Objetivo Específico:
O aluno deverá:
. Identificar as figuras de linguagem.
. Justificar o emprego das figuras de linguagem.
. Analisar possíveis efeitos de sentido quanto ao uso das figuras de linguagem em composições de Gêneros Textuais.
V – Objetivo Geral:
O objetivo dessas aulas é levar os alunos a compreenderem a importância das figuras de linguagem semânticas, de uma forma mais ampla, relacionando ao cotidiano dos alunos para que fique mais clara a sua funcionalidade na construção do sentido textual. Então, essa proposta não se restringirá a fornecer definições e exemplos literários do uso das figuras, mas também trazer exemplos mais práticos e acessíveis aos alunos. As figuras de linguagem são construções que transformam o significado da palavra para tirar delas maior efeito ou para construir uma nova mensagem. Essas figuras fazem com que os significados que geralmente encontramos no dicionário para as palavras não seja tão restrito, de forma que cada palavra possua um sentido novo em potencial, que pode e deve ser compreendido e explorado.
VI – Desenvolvimento do Tema: Identificação e interpretação das figuras de Linguagem em campanha de conscientização e poema. Serão necessárias cinco aulas.
. Questões problematizadoras:
a) Você já conseguiu convencer alguém de algo só porque mudou o jeito de falar? Como?
b) De que forma você costuma dar ênfase a uma palavra em textos?
VII – Conteúdo Programático
. Apresentar aos alunos as Figuras de Linguagem em duas situações de uso:
a) Campanha de Conscientização;
b) Poema.
VIII – Recursos Didáticos:
. Humano;
. Fotocópias;
. Caderno, caneta;
. Lousa;
. Giz.
IX - Avaliação:
Será avaliada a participação dos alunos, e a apresentação da atividade que foi proposta.
Bibliografia:
Mesquita, Roberto Melo. Gramática Pedagógica, 30 ed. Vol. único, São Paulo: Saraiva, 2009. http://portaldoprofessor.mec.gov.br/
http://sites.editorasaraiva.com.br/portalportugues/Upload/file/Leitura%20e%20interpretacao/gramatica_8_figuras_de_linguagem.pdf
ANEXO I
De acordo com Mesquita & Martos (2009, p.
484), “as figuras de linguagem são recursos expressivos que emprestam ao
pensamento mais energia e vivacidade, que, por sua vez, conferem à frase mais
elegância e graça e permitem ao leitor captar mais efetivamente a mensagem
pretendida pelo autor.” As figuras de linguagem podem estar relacionadas a
aspectos semânticos (sentido), sintático (disposição das palavras no discurso)
e fonéticos ou fonológicos (sons). São divididas em dois grupos: Semântico (que
estabelece relação com o significado) e Sintático (que estabelece relação com
outros termos da oração). A seguir veremos alguns deles:
Figuras
semânticas
- Alegoria - é uma figura de linguagem caracterizada como sendo um conjunto
simbólico criado para transmitir um segundo sentido além do sentido literal das
palavras. Presentes com frequência no cotidiano dos falantes, as alegorias são
utilizadas em provérbios populares:
- Em rio
que tem piranha, jacaré nada de costas;
- gato
escaldado tem medo de água fria;
- em
fábulas com fins morais e educativos e em parábolas da Bíblia.
- Anagrama - é um substantivo que significa uma palavra ou frase que é construída através da alteração das letras de uma
outra palavra ou frase.
Por exemplo: a palavra pedra pode ser transformada em perda, se
trocarmos o "d" pelo "r". Com a mesma palavra
"pedra", é possível formar a palavra "padre", trocando a
letra "a" com a letra "e". Perda e padre são anagramas de
pedra.
- Ambiguidade -
é a qualidade ou estado do que é ambíguo, ou seja, aquilo que pode ter mais do que um sentido ou significado.
A função da ambiguidade é sugerir significados diversos para uma mesma
mensagem. É uma figura de palavra e de construção. Exemplos:
"Maria comeu um doce e sua irmã
também". (Maria comeu um doce, e sua irmã também).
"Mataram o porco do meu tio". (Mataram o porco que era do meu tio).
"O guarda deteve o suspeito em sua casa". (Na casa de quem: do guarda ou do suspeito?).
"Mataram o porco do meu tio". (Mataram o porco que era do meu tio).
"O guarda deteve o suspeito em sua casa". (Na casa de quem: do guarda ou do suspeito?).
- Antitese - Emprego de termos com
sentidos opostos, ou seja, consiste na oposição de duas idéias, lado a lado, em
uma frase.
Ex.: Ela
se preocupa tanto com o passado que esquece o presente.
A guerra
não leva a nada, devemos buscar a paz.
- Catacrese – Dá um novo sentido a uma
palavra, fazendo com que ela passe a dar nome a outro ser semelhante.
Ex.:
Sentou-se no braço da poltrona para descansar.
- Comparação – Estabelece um termo de
comparação entre dois elementos por meio de uma qualidade comum a ambos. Os
dois aparecem no enunciado ligados por conectivo subordinativo.
Ex.: “Ideias
são como pulgas: saltam de uns para os outros, mas não mordem a todos.”
- Eufemismo – Consiste em dizer algo
desagradável por meio de palavras que abrandem o impacto causado por essa
situação.
Ex.:
Aquele rapaz não é legal, ele subtraiu dinheiro. (Ele “roubou” o dinheiro)
Acho que
não fui feliz nos exames. (Fui mal nos exames)
- Gradação – Consiste em uma sequencia de
idéias em ordem crescente ou decrescente de intensidade.
Ex.: “Nem
o sol, nem o mar, nem o brilho das estrelas.”
- Hipérbole - Consiste no exagero da
expressão.
Ex.: Já
lhe disse isso um milhão de vezes.
Quando o
filme começou, voei para casa.
Eu estou
morrendo de fome.
- Ironia –.Consiste na declaração do
contrário do que se pensa, em geral, com o propósito de fazer zombaria.
Ex.: Eu
nasci há dez mil anos atrás. E não tem nada nesse mundo que eu não saiba
demais.
- Metáfora – Relaciona dois seres por
meio de uma qualidade comum atribuída a ambos. Nessa comparação não se usa a
conjunção como.
Ex.: “O
tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais”
- Metonímia – Consiste em substituir um
termo por outro com o qual tenha relação de contiguidade ou causalidade. A
metonímia ocorre comumente quando se substitui:
- O nome
do autor pela obra
Ex.: Ler
Miguel de Cervantes é como sonhar acordado.
- O
substantivo concreto pelo abstrato
Ex.: A fé
move montanhas.
- O lugar
pelos seus habitantes ou produtos
Ex.: Na
hora mais difícil de Santa Catarina, o Brasil inteiro se uniu.
- Onomatopéia – Ocorre quando uma palavra
ou um conjunto de palavras imitam um ruído ou um som.
Ex.: “E
era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o
plic-plic-plic-plic da agulha no pano.”
- Prosopopéia – Tem aspecto fonético. Atribuição
de qualidades e sentimentos humanos a seres irracionais e inanimados.
Ex.: A
formiga disse para a cigarra: ” Cantou…agora dança!”
Meu
coração não sei porque bate feliz quando te vê.
Figuras sintáticas
- Aliteração – Tem aspecto fonético. Consiste,
respectivamente, na repetição de um fonema consonantal e na repetição de um
fonema vocálico.
Ex.: “Na
messe, que enlourece, estremece a quermesse...
O sol,
celestial girassol, esmorece...
E as
cantilenas de serenos sons amenos
Fogem
fluídas, fluindo a fina flor dos fenos...”
- Anáfora - a anáfora é caracterizada pela repetição de uma ou
mais palavras no início de versos, orações ou períodos. Muito utilizada na
poesia e na música, a anáfora aumenta a expressividade da mensagem, enfatizando
o sentido de termos repetidos consecutivamente.
Exemplo:
É pau, é
pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
(Tom Jobim)
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
(Tom Jobim)
- Assíndeto - é uma figura de linguagem
que aumenta a expressividade da mensagem por não se utilizar de conectivos,
como as conjunções, fazendo com que tenham mais força.
Exemplo:
Quem me
dera viver livremente, rir, passear, dançar, cantar, me divertir, sair pelo
mundo.
Não
entendo minha filha: chora, grita, reclama, se entristece, se chateia, parece
nunca estar bem.
Meu filho
não quer trabalhar, estudar, ser autônomo, ser independente.
- Assonância – Tem
aspecto fonético. É caracterizada
pela repetição harmônica de sons vocálicos. São destacadas as sílabas tônicas
das palavras contribuindo, assim, para a
melodia e musicalidade dos poemas.
Exemplos:
- A pálida lágrima da
Flávia.
- A boa boca da moça.
- O cálamo e o plátano,
na floresta moderna.
A
assonância é frequentemente utilizada em conjunto com a aliteração.
•
Paranomásia - é uma figura de linguagem caracterizada pela utilização de
palavras parônimas, ou seja, palavras com significados diferentes que se
escrevem e se pronunciam de forma parecida.
Exemplos de palavras parônimas:
acidente e incidente;
aferir e auferir;
cumprimento e comprimento;
descrição e discrição;
eminente e iminente;
fluvial e pluvial;
fragrante e flagrante;
geminada e germinada;
precedente e procedente;
tráfego e tráfico.
- Pleonasmo – Consiste na repetição de
termos de mesmo significado, com intuito de dar ênfase a uma expressão.
Ex.: Eu
vi com esses olhos que um dia a terra há de comer.
Hemorragia
de sangue.
Linguagem
denotativa
Uma palavra é usada no sentido denotativo (próprio ou literal)
quando apresenta seu significado original, independentemente do contexto
frásico em que aparece. Quando se refere ao seu significado mais objetivo e
comum, aquele imediatamente reconhecido e muitas vezes associado ao primeiro
significado que aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal da
palavra.
A denotação tem como
finalidade informar o receptor da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo
assim um caráter prático e utilitário. É utilizada em textos informativos, como
jornais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de medicamentos, textos
científicos, entre outros.
Exemplos:
- O
elefante é um mamífero.
- Já li
esta página do livro.
- A
empregada limpou a casa.
Linguagem figurada, conotativa
Uma palavra é usada no sentido conotativo (figurado)
quando apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes interpretações,
dependendo do contexto frásico em que aparece. Quando se refere a sentidos,
associações e ideias que vão além do sentido original da palavra, ampliando sua
significação mediante a circunstância em que a mesma é utilizada, assumindo um
sentido figurado e simbólico.
A
conotação tem como finalidade provocar sentimentos no receptor da mensagem,
através da expressividade e afetividade que transmite. É utilizada
principalmente numa linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em
conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios publicitários, entre
outros.
Exemplos:
- Você é
o meu sol!
- Minha
vida é um mar de tristezas.
- Você
tem um coração de pedra!
Metáfora
É uma
figura de linguagem que produz sentidos figurados por meio de comparações
implícitas. Ela pode dar um duplo sentido a frase. Com a ausência de uma
conjunção comparativa também é um recurso expressivo. Apresenta de forma literal uma equivalência que é apenas figurada. Por exemplo:
- Aquele moço é um
gato.
Um gato é um quadrúpede, mamífero, felino, que mia e é considerado sensual. Um moço é bípede, mamífero, humano, fala e pode ser sensual. Ao compararmos os dois
com a metáfora "Esse moço é um gato", o traço de significado
que provavelmente estaremos colocando em intersecção é apenas o traço sensual.
Muitas expressões que usamos podem ter mais de um
sentido. "Entrar numa fria" não é entrar dentro de uma geladeira, de
uma piscina com água fria; é entrar ou estar numa situação difícil, complicada,
isto é, arrumar uma confusão.
Cara amarrada, ir num pé só, fiquei caidinha por
ele, perder o fio da meada, por em pratos limpos, papo furado, lavar a roupa
suja, colocar o os pingos nos is, entrar pelo cano, ficar uma fera, gato e
sapato, coração sair pela boca, dor de cotovelo, são expressões metafóricas, que não são levadas ao “pé da letra”.
Pinta lá em casa! Uma coisa assim
um pouco complicada para outros brasileiros entenderem, mas que, no fundo,
significa: eu finjo que te convido e você me engana que vai (mais ou menos
isso).
Abotoar o paletó, no
sentido de morrer; alimentar esperanças o entomologista –, que esteja fazendo
trabalho com esperanças (Inseto ortóptero, de antena ger. mais longa que o
corpo, pernas espinhosas e cor verde.*), grilos, louva-deuses e joaninhas. É
preciso alimentar as esperanças, para que elas não abotoem o paletó antes do
tempo.
Metonímia
Já na
metonímia, as duas ideias não se superpõem como na metáfora, mas estão
relacionadas por proximidade.
Por exemplo, as expressões:
1- "sem-teto",
2- "Tomou o copo todo",
3- "Adoro ler Veríssimo" são metonímias,
respectivamente, porque:
1- O
termo teto está em relação de contiguidade com o
resto da habitação. É uma das suas partes, e na expressão substitui o todo
"habitação". (Um sem-teto geralmente também não tem o restante da
habitação - a porta, as janelas, as paredes, o chão.)
2- O
termo copo normalmente contém alguma bebida e é
usado no lugar da bebida que contém. (Ninguém consegue beber o copo)
3- O
termo Veríssimo é
usado no lugar dos livros e crônicas do autor. (A pessoa gosta dos textos do
autor; é impossível ler uma pessoa).
Observe a imagem abaixo.
O texto faz parte de uma campanha pública de
conscientização.
a) Qual é o tema dessa campanha?
b) Observe o nome do jornal e verifique o Estado
em que ele foi publicado. Quem é o interlocutor
que o texto pretende atingir?
.
2. No
enunciado em destaque, lemos “Ignorância é fogo”. Essa frase apresenta dois
sentidos possíveis.
a) Quais são esses sentidos?
b) Em qual deles a palavra fogo constitui uma metáfora?
3. Compare:
“Ignorância é fogo.”
“E [ignorância é] cinzas.”
a) Que figura de linguagem a aproximação entre
ignorância e cinzas constitui?
b) A palavra cinzas representa o efeito de uma
causa. Que causa é essa?
c) Que figura de linguagem se verifica nessa
relação entre a causa e o efeito?
4. No
texto abaixo da foto, lemos:
“Ainda tem gente que acha que fogo ajuda a
devolver força à terra e viço às pastagens. Jogue
um balde de água fria nessa ideia.”
Qual é o
sentido da expressão balde de água fria, no contexto?
5. As
figuras de linguagem não existem apenas na linguagem verbal. Elas também podem
ocorrer
em linguagens não verbais, como o cinema, a
música, a fotografia, o código de trânsito, etc.
Observe a foto que acompanha o texto.
a) Com que o tronco queimado se parece?
b) A imagem é parte de um todo e representa o
efeito de uma causa. De acordo com o sentido
global do texto, qual é a causa ou o todo que o
tronco representa?
c) Portanto, que figura de linguagem essa imagem
constitui?
6. Considerando
a finalidade desse texto de campanha pública, você acha que os recursos
utilizados,
tanto na linguagem verbal quanto na linguagem
visual, atingem o objetivo pretendido? Por
quê?
Aliteração
A aliteração é caracterizada
pela repetição harmônica e ritmada de sons consonantais. Essa repetição é feita
maioritariamente na poesia, podendo aparecer também em pequenas frases na
prosa. Na aliteração são, principalmente, destacados os fonemas iniciais das
palavras.
Exemplos:
"Fogem fluidas, fluindo à fina flor
dos fenos..." (Eugênio de Castro)
"Que a brisa do Brasil beija e balança."
(Castro Alves)
"Vozes veladas, veludosas vozes,/Volúpias
dos violões, vozesveladas/Vagam nos velhos vórtices velozes/Dos ventos, vivas, vãs,vulcanizadas."
(Cruz e Souza)
Além de ritmar o
texto, a aliteração cria um efeito sonoro que intensifica a mensagem
transmitida, através da sugestão de um som, funcionando como uma mensagem que
se encontra subentendida das palavras escritas.
Exemplos:
"Leva-lhe o vento a voz, que ao vento
deita." (Luís de Camões) – sugere o som do vento.
"Chove chuva, chove sem parar."
(Jorge Bem Jor) – sugere o som da chuva.
"Caça
a coceira/Coça, coça."
(Marília Cardoso) – sugere o som de coçar.
A aliteração está
muito presente em provérbios e trava-línguas.
Exemplos:
Quem com ferro fere com ferro será ferido.
O rato roeu a roupa do rei
de Roma.
O sabiá não sabia que o sábio sabia
que o sabiá não sabia assobiar.
Atenção!
A aliteração não se refere à repetição de uma letra, de um grafema, mas sim à repetição de um fonema, de um som consonantal.
A aliteração não se refere à repetição de uma letra, de um grafema, mas sim à repetição de um fonema, de um som consonantal.
Exemplos:
"Toda gente homenageia Januária na janela."
(Chico Buarque)
"Na messe, que enlourece, estremece a quermesse..."
(Eugênio de Castro)
Anáfora
É
caracterizada pela repetição de uma ou mais palavras no início de versos,
orações ou períodos. Muito utilizada na poesia e na música, a anáfora aumenta a
expressividade da mensagem, enfatizando o sentido de termos repetidos
consecutivamente.
Exemplos de anáforas na
literatura e na música:
Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.
(Manuel Bandeira)
Acorda, Maria, é dia
de matar formiga
de matar cascavel
de matar estrangeiro
de matar irmão
de matar impulso
de se matar.
(Carlos Drummond de
Andrade)
É pau, é pedra, é o fim do
caminho
É um resto de toco, é um
pouco sozinho
É um caco de vidro, é a
vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o
laço, é o anzol
(Tom Jobim)
Atenção!
Além de ser
uma figura de linguagem, anáfora é também o nome dado a um processo sintático
através do qual um termo faz referência a uma informação previamente
mencionada. Esse termo pode ser chamado de termo anafórico ou elemento
anafórico.
Exemplo: Paulo não foi à
festa. Ele estava fazendo serão no trabalho.
Antítese
Consiste na utilização de dois termos
que contrastam entre si. Ocorre quando há uma aproximação de
palavras ou expressões de sentidos opostos. O contraste que se estabelece
serve, essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos que não se
conseguiria com a exposição isolada dos mesmos. Observe os exemplos:
"O mito é o nada que
é tudo." (Fernando Pessoa)
O corpo é grande e a alma é pequena.
"Quando um muro separa, uma ponte une."
"Desceu aos pântanos com os tapires; subiu aos Andes com os condores." (Castro Alves)
Felicidade e tristeza tomaram conta de sua alma.
O corpo é grande e a alma é pequena.
"Quando um muro separa, uma ponte une."
"Desceu aos pântanos com os tapires; subiu aos Andes com os condores." (Castro Alves)
Felicidade e tristeza tomaram conta de sua alma.
Comparação
É uma
figura de linguagem caracterizada pela aproximação entre dois ou mais elementos
que apresentam uma característica em comum, podendo essa característica estar
ou não salientada. Na comparação há sempre um conectivo comparativo que
estabelece a ligação entre os termos comparados, sendo os mais usados: como,
feito, tal qual, que nem, igual a,…
Sendo uma
comparação simples, é estabelecida uma relação entre elementos do mesmo
universo ou contexto. Sendo uma comparação metafórica, ou símile, é
estabelecida uma relação entre elementos de diferentes universos ou contextos.
Exemplos de comparação
simples:
-O atleta etíope é mais rápido do que o atleta espanhol.
-Matemática é tão importante quanto português.
-Tiago é menos bagunceiro que Filipe.
Nota: Esse tipo de comparação se encontra estruturado nos graus dos
adjetivos: grau comparativo de superioridade, grau comparativo de igualdade e
grau comparativo de inferioridade.
Exemplos de comparação ou
símile:
Meu irmão é teimoso como uma mula.
Seus olhos brilhavam que nem esmeraldas.
Nunca me vergarei e, tal qual uma árvore, morrerei de pé.
Exemplos de comparação ou
símile na literatura e na música:
“Meu coração tombou na
vida/tal qual uma estrela
ferida/pela flecha de um caçador.” (Cecília Meireles)
“Para a florista,/as
flores são como beijos/são como filhas,/são como fadas disfarçadas.” (Roseana Murray)
“A Via Láctea se
desenrolava/Como um jorro de
lágrimas ardentes.” (Olavo Bilac)
“E flutuou no ar como se fosse um pássaro/E se acabou no
chão feito um pacote flácido.”
(Chico Buarque)
“Te ver e não te querer
(…)/É como mergulhar no rio/E não se molhar/É como não morrer de frio/No gelo
polar.” (Samuel Rosa, Lelo Zanetti, Chico Amaral)
Comparação x metáfora
Essas duas
figuras de linguagem estabelecem relações entre elementos que apresentam
características comuns. Na comparação há sempre um elemento comparativo que
torna a comparação explícita. Na metáfora, a comparação é feita de modo
implícito, não havendo termo comparativo que marque essa comparação.
Exemplos:
Aquele atleta é forte como um touro. (comparação)
Aquele atleta é um touro.
(metáfora)
Inversão ou anástrofe
A anástrofe (ou inversão) é uma figura
de linguagem, ou seja, um recurso utilizado na linguagem oral e escrita que
aumenta a expressividade da mensagem. A anástrofe se refere a uma inversão leve
da ordem normal das palavras numa frase, ocorrendo essa inversão predominantemente
por antecipação de uma palavra que complementa outra palavra, ou seja, em
palavras correlativas. Vários autores defendem que na anástrofe ocorre também a
inversão entre o sujeito e o predicado.
Através
da utilização de anástrofes, é possível realçar uma palavra ou ideia, bem como
criar um efeito surpresa na frase. Na poesia, esta figura de linguagem é muitas
vezes utilizada para cumprir as exigências do verso relativamente à métrica e
às rimas.
Exemplos
de anástrofe:
- Ao
filho, a mãe deu um sorvete.
- Para
todos os familiares mandou lembranças.
- Que
faço eu com essa indecisão minha?
- Correto, eu acho que é!
Exemplos de anástrofe na
literatura:
“Tão leve estou, que nem sombra tenho.” (Mário Quintana)
“Sabe mortos enterrar?” (J.C. Melo Neto)
“Passarinho, desisti de ter.” (Rubem Braga)
“Memória em nós do instinto teu.” (Fernando Pessoa)
“À espada em tuas mãos achada.” (Fernando Pessoa)
Linguagem
denotativa
Uma palavra é usada no sentido denotativo (próprio ou literal)
quando apresenta seu significado original, independentemente do contexto
frásico em que aparece. Quando se refere ao seu significado mais objetivo e
comum, aquele imediatamente reconhecido e muitas vezes associado ao primeiro
significado que aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal da
palavra.
A denotação tem como
finalidade informar o receptor da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo
assim um caráter prático e utilitário. É utilizada em textos informativos, como
jornais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de medicamentos, textos
científicos, entre outros.
Exemplos:
- O
elefante é um mamífero.
- Já li
esta página do livro.
- A
empregada limpou a casa.
Linguagem figurada, conotativa
Uma palavra é usada no sentido conotativo (figurado)
quando apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes interpretações,
dependendo do contexto frásico em que aparece. Quando se refere a sentidos,
associações e ideias que vão além do sentido original da palavra, ampliando sua
significação mediante a circunstância em que a mesma é utilizada, assumindo um
sentido figurado e simbólico.
A
conotação tem como finalidade provocar sentimentos no receptor da mensagem,
através da expressividade e afetividade que transmite. É utilizada
principalmente numa linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em
conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios publicitários, entre
outros.
Exemplos:
- Você é
o meu sol!
- Minha
vida é um mar de tristezas.
- Você
tem um coração de pedra!
Assonância
A assonância é caracterizada
pela repetição harmônica de sons vocálicos. Essa repetição é muito utilizada na
poesia, podendo aparecer também em pequenas frases na prosa. Habitualmente, são
destacadas as sílabas tônicas das palavras, marcando uma regularidade vocálica
ao longo do verso ou salientando a palavra final de verso, através da criação
de rimas toantes. A assonância contribui, assim, para a melodia e musicalidade
dos poemas.
Exemplos:
A pálida lágrima da
Flávia.
A boa boca da moça.
O cálamo e o plátano, na
floresta moderna.
A assonância é
frequentemente utilizada em conjunto com a aliteração (repetição de sons
consonantais), contribuindo assim para a definição do ritmo do verso.
Exemplos:
“Na messe, que enlourece, estremece a quermesse...”
(Eugênio de Castro)
“Berro pelo aterro/Pelo desterro/Berro por
seu berro/Pelo seu erro” (Caetano Veloso)
Metáfora
É uma
figura de linguagem que produz sentidos figurados por meio de comparações
implícitas. Ela pode dar um duplo sentido a frase. Com a ausência de uma
conjunção comparativa também é um recurso expressivo. Apresenta de forma literal uma equivalência que é apenas figurada. Por exemplo:
- Aquele moço é um
gato.
Um gato é um quadrúpede, mamífero, felino, que mia e é considerado sensual. Um moço é bípede, mamífero, humano, fala e pode ser sensual. Ao compararmos os dois
com a metáfora "Esse moço é um gato", o traço de significado
que provavelmente estaremos colocando em intersecção é apenas o traço sensual.
Muitas expressões que usamos podem ter mais de um
sentido. "Entrar numa fria" não é entrar dentro de uma geladeira, de
uma piscina com água fria; é entrar ou estar numa situação difícil, complicada,
isto é, arrumar uma confusão.
Cara amarrada, ir num pé só, fiquei caidinha por
ele, perder o fio da meada, por em pratos limpos, papo furado, lavar a roupa
suja, colocar o os pingos nos is, entrar pelo cano, ficar uma fera, gato e
sapato, coração sair pela boca, dor de cotovelo, são expressões metafóricas, que não são levadas ao “pé da letra”.
Pinta lá em casa! Uma coisa assim
um pouco complicada para outros brasileiros entenderem, mas que, no fundo,
significa: eu finjo que te convido e você me engana que vai (mais ou menos
isso).
Abotoar o paletó, no
sentido de morrer; alimentar esperanças o entomologista –, que esteja fazendo
trabalho com esperanças (Inseto ortóptero, de antena ger. mais longa que o
corpo, pernas espinhosas e cor verde.*), grilos, louva-deuses e joaninhas. É
preciso alimentar as esperanças, para que elas não abotoem o paletó antes do
tempo.
Metonímia
Já na
metonímia, as duas ideias não se superpõem como na metáfora, mas estão
relacionadas por proximidade.
Por exemplo, as expressões:
1- "sem-teto",
2- "Tomou o copo todo",
3- "Adoro ler Veríssimo" são metonímias,
respectivamente, porque:
1- O
termo teto está em relação de contiguidade com o
resto da habitação. É uma das suas partes, e na expressão substitui o todo
"habitação". (Um sem-teto geralmente também não tem o restante da
habitação - a porta, as janelas, as paredes, o chão.)
2- O
termo copo normalmente contém alguma bebida e é
usado no lugar da bebida que contém. (Ninguém consegue beber o copo)
3- O
termo Veríssimo é usado no lugar dos livros e crônicas
do autor. (A pessoa gosta dos textos do autor; é impossível ler uma pessoa).
Eu lírico
O Eu lírico é um termo usado dentro da literatura para demonstrar o pensamento geral daquele que está
narrando o texto; A junção de todos os sentimentos, expressões, opiniões e
críticas feitas pela pessoa superior ao texto, que no caso seria o narrador ou
a pessoa central ao qual o texto está se referindo. O Eu-lírico é o
"eu" que fala na poesia. É quando o poeta expressa sentimentos que
realmente não sentiu, tratando-se então não de seu eu real, mas de um eu
poético. O eu lírico é a "voz" que fala no poema ou texto em prosa.
Isso significa dizer que os sentimentos, ideias e emoções presentes nesses
textos não são necessariamente do autor dele. O autor cria um dono para esses
sentimentos. É o "eu".
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
(Fernando Pessoa)
O poema que
você leu agora é de autoria daquele que é considerado o maior poeta da língua portuguesa:Fernando Pessoa. Pessoa provou, com seus vários heterônimos, que o
poeta não cabe no poema; sua genialidade fez nascer outros tipos, diferentes
abordagens e estilos. Talvez Fernando Pessoa seja a maior prova de que o poeta
entrega seus versos para o verdadeiro dono do poema: o eu lírico.
Leia o poema a seguir, de Vinícius de Morais, e
responda às questões de 1 a 9.
Soneto de separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
(Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro:
Aguilar, 1974. p. 226.)
1. O poema
se intitula “Soneto de separação”. De que tipo de separação ele trata?
Justifique sua
resposta com elementos do texto.
2. Todo o poema é construído a partir de uma
oposição de ideias: de um lado, descreve-se como
era o relacionamento amoroso e a vida do eu
lírico; de outro, descreve-se como é a vida do eu
lírico no presente, sozinho.
a) Chama-se antítese a figura de linguagem que se
constrói a partir da oposição de ideias.
Identifique no poema pelo menos dois pares de
palavras ou expressões que formem antíteses.
b) Em uma frase, resuma: Como era a vida do eu
lírico antes da separação e como é no presente?
3. Às vezes, para descrever certos sentimentos, a
linguagem denotativa não é suficiente. O poeta
emprega, então, a linguagem figurada, conotativa,
poética. As figuras, nesse caso, contribuem
para exprimir o que é quase inexprimível. Observe
estes versos:
“De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama”
“Fez-se da vida uma aventura errante”
a) Qual é a figura de linguagem existente nos
trechos destacados?
b) Traduza em linguagem denotativa o sentido
dessa figura.
4. Releia a 1ª estrofe do poema. Você já aprendeu
que aliteração é uma figura de linguagem construí-
da a partir da repetição de um mesmo fonema
consonantal. Na 1ª estrofe, há aliteração? Em caso
positivo, exemplifique.
5. Observe nas colunas abaixo os elementos que
existiam antes e os que passaram a existir depois
da separação:
antes
× agora
riso → pranto
bocas unidas → espuma
mãos espalmadas →
espanto
a) As palavras e expressões da primeira coluna faziam parte do estado de
espírito em que se
encontrava o eu lírico antes da separação. Qual é esse estado de
espírito?
b) As palavras da segunda coluna fazem parte do estado de espírito em
que se encontra o eu
lírico no momento. Qual é esse estado de espírito?
c) Que figura de linguagem sugere, por meio das partes, o todo?
6. O trecho: “fez-se o pranto / Silencioso e branco como a bruma”, apresenta
uma figura de linguagem.
a) Qual é a figura existente na parte destacada?
b) Lido sem a parte destacada, esse trecho se torna menos ou mais forte,
concreto e expressivo?
7. Em quase todo o texto, o poeta faz uso de uma figura chamada inversão,
que consiste em trocar a
ordem sintática dos termos da oração. Observe alguns exemplos e a ordem
direta correspondente:
“De repente do riso fez-se o pranto” →
O pranto fez-se do riso de repente
“Que dos olhos desfez a última chama” →
Que desfez a última chama dos olhos
“Fez-se de triste o que se fez amante” →
O que se fez amante fez-se de
triste
Considerando que o poema é
construído sobre a oposição entre a vida do eu lírico antes e hoje,
que semelhança existe entre a inversão e as duas situações retratadas?
8. Observe que a expressão de repente é empregada quatro vezes em início
de verso. A esse tipo de
repetição, chamamos anáfora. Considerando as ideias do poema, qual a
finalidade do poeta ao
repetir tantas vezes essa expressão?
9. Se quiséssemos resumir as principais ideias do poema em linguagem
denotativa, teríamos um
texto mais ou menos assim:
Antes, com a pessoa amada, tudo era alegria e harmonia. Hoje, sozinho,
tudo é tristeza e desolação.
Compare o poema com esse enunciado e indique qual ou quais dos itens
seguintes são corretos
quanto ao papel das figuras de linguagem na construção de um texto
poético.
a) O texto figurado é mais carregado de emoções do que o texto
denotativo.
b) As figuras de linguagem criam imagens que aguçam a imaginação do
leitor.
c) As figuras de linguagem criam uma atmosfera envolvente, que faz o
leitor se aproximar mais do texto.
d) O texto figurado é fruto de um trabalho artístico, que não visa
apenas informar, mas também
envolver, emocionar.
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Perfeito!
ResponderExcluirMaravilhoso
ResponderExcluirMuito bom só gostaria mais se tivesse um gabarito por favor enviar josiane_709@hotmail.com
ResponderExcluirExcelente sequência didática, parabéns!!!!
ResponderExcluirExcelente conteúdo!
ResponderExcluirPoderia enviar-me o gabarito das questões para meu e-mail: pr.carlos2015@hotmail.com
😉