RESUMO: Este artigo
pretende ilustrar algumas relações relevantes entre texto, discurso
e gênero, e pesquisas contemporâneas em Análise Dialógica de
Discurso, analisar as relações dialógicas no gênero capa de
revista da esfera social do jornalismo, especificamente do jornalismo
de revista impresso, verificar a persuasão que resulta dos efeitos
de sentido, produzidos pela linguagem verbal e não verbal e pelo
contexto sócio-ideológico. Os teóricos que fundamentam essa
matéria encontram-se dentro da área da Análise do Discurso.
INTRODUÇÃO: Nesta
pesquisa entendemos que o uso da linguagem ocorre por meio de gêneros
discursivos que regularizam as práticas que desenvolvemos em
sociedade. Além disso, adotamos como entendimento as ideias do
Círculo de Bakhtin e Brandão quando afirmam que os gêneros são
historicamente situados, culturalmente construídos e ideologicamente
saturados. As relações dialógicas, fato real que constitui a
natureza da linguagem e que, nesta pesquisa, apresenta-se como objeto
da nossa investigação.
O trabalho baseou-se em
um estudo da capa da Revista Veja, edição nº 22 de 10 de agosto de
2005, caracterizado pela linguagem verbal e não-verbal.
Neste artigo,
objetivamos estudar as relações dialógicas presentes na capa da
revista. Para isso, pretendemos apresentar discussões teóricas
bakhtinianas sobre texto-enunciado e dialogismo.
A LINGUAGEM
VERBO-VISUAL DA CAPA DA REVISTA E OS IMPLÍCITOS NA CONSTITUIÇÃO DE
SENTIDO: A
capa da revista Veja com data do dia 10 de agosto de 2005 – Lula
diminuto, sobre um fundo preto de luto, com seu nome grifado com os
dois eles, em verde e amarelo, como costumava usar o presidente
Fernando Collor de Melo.As duas tiras nas cores verde e amarelo foram
o símbolo das diretas já, da ascensão e depois da agonia de
Collor. De volta às ruas, o que Lula fará delas definirá sua
presidência. Essa capa de revista refere-se à época das denúncias
de corrupção no primeiro mandato do presidente Lula e o início das
investigações sobre o mensalão.
Em toda a forma de
comunicação, o enunciador estabelece um diálogo permanente com um
destinatário implícito que tanto pode ser o mais próximo, quanto
um possível leitor distante no tempo e no espaço. Essa constituição
interna do sujeito enunciador determina o tema, a forma de composição
e o estilo de sua produção. É justamente essa relação que
constitui os gêneros discursivos que circulam em qualquer esfera de
atividade humana, desde uma simples forma de cumprimento oral,
considerada gênero primário até as formas mais complexas que
exigem um processo de elaboração mais requintado como os
literários, jornalísticos ou publicitários. Ao abrir esse espaço
para a reflexão sobre novas formas de produção enunciativa,
Bakhtin permite a articulação dos estudos da linguagem numa
perspectiva verbo-visual Desse modo, ao nos depararmos com uma capa
de revista, imediatamente reconhecemos um modelo mais ou menos
estável de produção que conjuga o verbal e o visual. Por isso, os
signos de outra natureza que não os verbais devem ser considerados
na análise do enunciado. Sob esse enfoque, as capas de revista são
consideradas gêneros discursivos secundários por exigirem um
processo de elaboração mais aprimorado de que participam vários
elementos em sua composição, tais como fotos ou imagens, letras em
tamanhos variáveis que compõem títulos e subtítulos, além dos
componentes que caracterizam o gênero, tais como símbolos. Não há
um enunciador, mas uma equipe de produção, responsável por
anunciar as matérias veiculadas em cada edição: informações,
reportagens, resenhas, geralmente de interesse imediato. Além desse
anúncio, existe a necessidade de tornar os assuntos relevantes e
atraentes para o leitor, de modo a provocar seu interesse pela
aquisição e leitura desse material anunciado nas capas. Sendo
assim, a equipe responsável por esse enunciado é composta por
profissionais de áreas diversas: redator, diagramador, ilustrador,
fotógrafo ou artista plástico, entre outros, dependendo das
exigências do enunciado de capa a ser elaborado.
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