quinta-feira, 27 de novembro de 2014


Homossexualidade e Religião


  Manifestantes cristãos em um evento doorgulho gay realizado em 2006, em São Francisco.
O relacionamento entre homossexualidade e a religião varia de maneira enorme durante tempos e lugares. Nem todas as religiões reprovam explicitamente a homossexualidade; algumas meramente omitem considerações a respeito. Ao longo da história, o amor e o sexo entre homossexuais (especialmente homens) eram tolerados e também instituídos em rituais religiosos da Babilônia e Canaã, além de serem enaltecidos nareligião da Grécia antiga; historiadores confirmam que há indícios de que os exércitos de Tebas e de Esparta possuíam unidades formadas por pares de amantes homossexuais, que às vezes oficiavam sacrifícios a Eros, deus do amor, antes de se engajarem em combate. Além disso, a mitologia grega é rica fonte de histórias de amor e sexo entre figuras do mesmo sexo.
Os antigos judeus, no entanto, perseguiam homossexuais e com a expansão do cristianismo, continuaram outras perseguições a práticas homossexuais. Quando o cristianismo se oficializou no Império Romano com a ascensão de Constantino, historiadores escrevem que a homossexualidade era uma ameaça institucional; uma das razões dessas perseguições antigas seria o da condição de sobrevivência e expansão por meio da defesa da procriação através da família. A posição oficial da Igreja quanto a homossexualidade racionalizou-se com os escritos de Santo Agostinho, para quem os órgãos reprodutivos tinham a finalidade natural de procriação e em nenhuma hipótese poderiam ser usadas para outra forma de prazer, sendo a homossexualidade, segundo ele, uma perversão da mesma categoria que seria a masturbação, o coito anal, o coito oral e azoofilia. A homossexualidade continua a ser reprovada pela maior parte das tradições cristãs pelo mundo. Na era docolonialismo e imperialismo, praticado geralmente por países de fé abraâmica, algumas culturas adotaram atitudes antagonistas quanto à homossexualidade. Atualmente, grupos e doutrinas de religiões abraâmicas geralmente veem a homossexualidade negativamente; alguns desencorajam a prática, enquanto outros explicitamente a proíbem. É ensinado que a homossexualidade é pecaminosa, enquanto outros dizem que qualquer ato sexual por si só é pecaminoso. Apesar de tudo, há algumas pessoas dentro desses grupos religiosos que veem a homossexualidade de maneira mais positiva — há até quem pratique cerimônias religiosas de casamento entre pessoas do mesmo sexo. Alguns grupos afirmam que a homossexualidade pode ser "superada" através da fé. Há vários "centros de cura" espalhados pelo mundo, de onde saem os "ex-gays". No entanto, nenhum estudo científico comprova esta prática e ela é desencorajada pela maioria dos médicos.
Visões específicas da homossexualidade
Religiões abraâmicas
As religiões abraâmicas — judaísmocristianismo e islamismo — tradicionalmente veem as relações sexuais entre as pessoas do mesmo sexo como pecaminosas e as proíbem. É ensinado dentro dessas religiões que o amor entre o homem e a mulher é o "ideal" a ser praticado.
Judaísmo


Se um homem coabitar sexualmente com um varão, cometerão ambos um ato abominável; serão os dois punidos com a morte; o seu sangue cairá sobre eles.”  — Levítico, 20:13-14 (NIV)



Torá é a principal fonte para se analisar a visão judaica da homossexualidade. Nele está descrito que: "[Um homem] não deve deitar com um homem como [ele] se deita com uma mulher; isto é uma toeva ("abominação")" (Levítico 18:22). Assim como prevê vários mandamentos similares, a punição para a homossexualidade é a pena de morte, apesar de que na prática o judaísmo rabínico livrou-se da pena capital para todas as práticas há 2.000 anos atrás.
O judaísmo rabínico tradicional prevê que este verso proíbe um homem de praticar sexo anal com outro. No entanto, o judaísmo rabínico proíbe qualquer contato homossexual entre homens e mulheres. O que alguns veem hoje como homossexualidade "biológica" ou "psicológica" não é discutido pelos rabinos mais conservadores. Discutem apenas que os atos são proibidos.
judaísmo ortodoxo vê qualquer ato homossexual como pecaminoso. Muitos judeus ortodoxos veem a homossexualidade como uma "escolha pessoal"; outros acreditam ser uma "desavença deliberada". Uma nova tendência de estudar o comportamento homossexual começou a acontecer, com uma visão mais compreensiva dos judeus homossexuais, mas nenhuma organização rabínica ortodoxa fez nenhuma recomendação em mudar a lei judaica. Grupos ortodoxos afirmam que qualquer mudança na lei é absolutamente impossível.
O judaísmo conservador, assim como o ortodoxo, vê a lei judaica como normativa, mas é historicamente mais flexível em sua interpretação. Assim sendo, se engaja num estudo profundo do assunto desde a década de 1990, com um grande número de rabinos apresentando uma disposição larga de responsa (papéis com argumentos legais) para a consideração comunal. A posição oficial do movimento desde a década passada é de dar boas-vindas aos judeus homossexuais às suassinagogas, e de fazer campanha contra a homofobia, mas mas também de proibir o sexo homossexual entre os membros como uma forma de exigência religiosa. No entanto, uma divisão recente no Comitê da Lei Judaica do movimento, em janeiro de 2007, re-interpretou a questão significativamente, e agora permite homens e mulheres homossexuais a se tornarem rabinos. Algumas formas de cerimônias de compromisso agora também são vistas como legítimas.
O judaísmo progressista vê as práticas homossexuais como aceitáveis (da mesma forma que vê as heterossexuais). Autoridades do judaísmo progressivo acreditam que as leis tradicionais contra a homossexualidade não são mais válidas pois não refletem às mudanças que se passaram no entendimento da sexualidade humana. Alguns acreditam que a proibição presente no Torá tinha a intenção de banir o sexo homossexual praticado em rituais (como praticado pelos egípcios e cananeus), cultos de fertilidade e templos de prostituição.
Catolicismo


Na tradicional interpretação da Igreja Católica, os atos homossexuais são reprovados na Sagrada Escritura, desde o Gênesis (castigo divino aos habitantes de Sodoma, donde vem o termo "sodomia", 19, 1-11) e o Levítico (18, 22 e 20, 13) até as cartas de São Paulo ("paixões desonrosas", "extravios", Rom 1,26-27 e também 1Coríntios 6,9 e 1Timóteo 1,10)
É frequentemente citado o texto de São Paulo aos Romanos:
"Os romanos trocaram a verdade de Deus pela mentira, adoraram e serviram à criatura em lugar do Criador, que é bendito eternamente. Por isso, Deus os entregou a paixões degradantes: as suas mulheres mudaram as relações naturais por relações contra a natureza; os homens, igualmente, abandonando as relações naturais com a mulher, inflamaram-se de desejos uns pelos outros, cometendo a infâmia de homem com homem e recebendo o justo salário de seu desregramento." — Epístola aos Romanos, 1:26-27 (NIV)



Durante toda a história do cristianismo, a Igreja Católica se posicionou explicitamente contra a homossexualidade e condenou a prática de sexo entre pessoas do mesmo sexo. Há inúmeras citações no Novo Testamento (e nos trabalhos deJustinoClemente de AlexandriaTertulianoCipriano de CartagoEusébio de CesareiaBasílio de CesareiaSão João CrisóstomoAgostinho de Hipona e de Tomás de Aquino) que servem de base para a crença de que a homossexualidade é errada e pecaminosa.
Apesar do Vaticano rejeitar o comportamento homossexual, alguns padres pregam que se casais do mesmo sexo decidirem se unir, que seja com compaixão e respeito um pelo outro. Porém, pela hierarquia católica na interpretação bíblica, tais padres acabam sendo punidos por estarem em contrariedade com a interpretação bíblica do Vaticano 6 7 .
Nos séculos XX e XXI, alguns historiadores e teólogos desafiaram o entendimento tradicional das passagens bíblicas que mencionam a homossexualidade, dizendo que as palavras gregas "arsenokoitai" e "malakós" foram "mal-traduzidas" ou "mal-interpretadas" (talvez porque não se referem àquilo que entendemos como "homossexualidade" atualmente).
Igreja Católica requer que fiéis homossexuais pratiquem a castidade, defendendo que os atos sexuais são "contra a lei da natureza". A Igreja defende que a expressão apropriada da sexualidade deve ser feita dentro de um casamento monógamoheterossexual. Defende também que
"Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objectivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição."
Vaticano requer também que qualquer "tendência homossexual seja superada para que seja realizada a ordenação de um diácono”. 
Durante a alocução por ocasião do Ângelus, em 9 de julho de 2000, o Papa João Paulo II, dirigindo-se aos fiéis na praça de São Pedro disse:8
Em nome da Igreja de Roma, não posso deixar de exprimir profunda tristeza pela afronta ao Grande Jubileu do Ano 2000 e pela ofensa aos valores cristãos de uma Cidade, que é tão querida ao coração dos católicos do mundo inteiro.
A Igreja não pode deixar de falar a verdade, porque faltaria à fidelidade para com Deus Criador e não ajudaria a discernir o que é bem daquilo que é mal.
A respeito disto, desejaria limitar-me a ler quanto diz o Catecismo da Igreja Católica que, depois de ter feito observar que os actos de homossexualidade são contrários à lei natural, assim se exprime - "Um número não desprezível de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais. Eles não escolhem a sua condição de homossexuais; essa condição constitui, para a maior parte deles, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza.
Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da Cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição "(n. 2358).'Papa João Paulo II



Protestantismo

Dentre os cristãos, o protestantismo tem como um de seus principais princípios ainterpretação privada ou juízo privado dos textos bíblicos9 , fruto da Reforma Protestante, quando Lutero, em outubro de 1520, enviou seu escrito "A Liberdade de um Cristão" ao Papa, acrescentando a frase significativa "Eu não me submeto a leis ao interpretar a palavra de Deus". Isso posteriormente acabou originando odireito fundamental de liberdade religiosa, bem como a própria ideia dedemocracia , ao consagrar a ideia de horizontalidade dos fieis protestantes, ao contrário da verticalidade do catolicismo, cuja última opinião em matéria de interpretação bíblica pertence ao Papa. No protestantismo, a opinião de cada um dos fiéis em matéria de interpretação bíblica tem o mesmo peso. Por isso, a divergência de opiniões entre os protestantes é encarada como algo natural, eles não veem necessidade na existência de um pensamento geral unificado, ao contrário do catolicismo.
Isso não significa que autoridades protestantes não tenham se posicionado explicitamente contra a homossexualidade e condenado a prática de sexo entre pessoas do mesmo sexo ao longo da história. Mas não necessariamente o fato de muitos protestantes, do ponto de vista religioso (esfera privada), se oporem à homossexualidade significa que eles sejam contrários à união civil entre pessoas do mesmo sexo (esfera pública). Uma bandeira histórica dos protestantes em todo o mundo é o Estado Laico , e em um Estado Laico há uma divisão entre a esfera privada e a esfera pública, não devendo existir argumentos religiosos para impedir a união civil entre pessoas do mesmo sexo.
Por isso, de maneira pouco surpreendente, os primeiros países a reconhecerem o direito a união entre homossexuaisforam os países onde a religião Protestante predomina entre os religiosos, citando exemplificativamente o caso daDinamarca, que reconheceu tal direito ainda em 1989.
E, mesmo dentro da própria fé protestante (esfera privada), devido ao princípio da interpretação privada ou juízo privadodos textos bíblicos, muitos defenderam e ainda defendem a homossexualidade.
Apesar de que grande parte das congregações protestantes atuais rejeitam o comportamento homossexual, muitos pastores não se opõem a ideia.
No Brasil, a Igreja Protestante Reformada e Inclusiva milita pela inclusão de LGBT na Igreja Cristã e celebra o que chama de Rito de Casamento entre pessoas do mesmo sexo, isto é, uma cerimônia onde casais gays recebem a bênção matrimonial, afirmando que a “Homossexualidade é bênção de Deus” .
No exterior, protestantes defendem a homossexualidade justamente com base no texto bíblico, e ramos do protestantismo aceitam a prática da homossexualidade, como o Unitarismo, e o Anglicanismo, tendo sido ordenadosarcebispos homossexuais na Igreja Anglicana (Episcopal) do Reino Unido e dos Estados Unidos recentemente.
Espiritismo Kardecista
Espiritismo crê que o espírito humano não tem sexo e que um mesmo espírito pode em diferentes encarnações habitar igualmente o corpo de um homem ou de uma mulher, sendo capaz de amar homens e mulheres. Não existe uma posição oficial sobre a homossexualidade. Alguns doutrinadores, como José B. de Campos, pregam que a questão mais importante no tocante à homossexualidade é a promiscuidade, aconselhando o homossexual a tomar um parceiro e constituir um lar . O doutrinador e médium Divaldo Franco posiciona-se de forma semelhante, frisando que o homossexual, como o heterossexual, será julgado conforme sua conduta moral, independente da sexualidade .
Islamismo
Muçulmanos homossexuais na Parada Gay de Londres, em 2011.
"Dentre as criaturas, achais de vos acercar dos varões, deixando de lado o que vosso Senhor criou para vós, para serem vossas esposas? Em verdade, sois um povo depravado!" — Alcorão, "Os Poetas" (26a. sura), 165-166



Todos os maiores setores islâmicos desaprovam a homossexualidade, e o sexo praticado entre pessoas do mesmo gênero é um crime que pode ser punido com a morte em algumas nações muçulmanas: Arábia SauditaIêmenIrãMauritânia,Sudão e Somália. Durante o regime Talibã no Afeganistão a homossexualidade também era um crime punido com a morte. Em outras nações muçulmanas comoBahrainQatarArgéliaPaquistãoMaldivas e Malásia, a homossexualidade é punida com prisão, multas ou punição corporal.
Os ensinamentos islâmicos (na tradição do hadith) promovem a abstinência e condenam a consumação do ato homossexual. De acordo com essa crença, nos países islâmicos, o desejo de homens por jovens atraentes é visto como uma característica humana esperável. No entanto, ensina-se que conter tais desejos é necessário pois garantirá o pós-vida no paraíso, onde se é presenteado com mulheres virgens(Corão,56: 34-38). O ato homossexual é visto como uma forma de desejo que viola o Corão. Apesar de que a atração homossexual não é contra a Charia (lei islâmica que governa as ações físicas, mas não os sentimentos e pensamentos), o ato sexual é, segundo esta, passivo de punição.
Outras religiões
Outras religiões, particulamente orientais, não discutem com frquencia a sexualidade em geral, e isso inclui a homossexualidade; focam-se em outros assuntos que lhe são mais importantes e sagrados. A despeito de possuir textos contrários á homossexualidade, o Budismo ensina a tolerância e possui uma considerável comunidade gay, sobretudo no ocidente. A grande maioria dos budistas ocidentais re-interpretam os antigos ensinamentos às necessidades modernas e os reformam. O budismo asiático entretanto, ainda é tradicional e relativamente conservador. OConfucionismo, por ser mais um sistema ético do que uma religião, nunca chegou a discutir o assunto da homossexualidade. Religiões antigas como o Hinduísmo, divergem de diversas formas sobre a homossexualidade; de forma geral muitos hindus consideram-na uma das diversas formas do amor, embora muitas outras tradiçoes hindus sigam textos como o Código de Manu, que contém em certas passagens afirmações de que é um crime punível. Novos movimentos neopagãos como a Wicca aceitam a homossexualidade e embora algumas de suas figuras históricas, como Gerald Gardner, terem sido contra suas práticas, outras não menos famosas como Alex Sanders e Eddie Buczynski eram abertamente homossexuais ou bissexuais.







terça-feira, 18 de novembro de 2014

06/11/2014 - Ciclo de Debates pensadores da Liberdade.

francisco-vianaEstudantes da Universidade Paulista assistiram, na noite desta quinta-feira (6), a apresentação do jornalista e mestre em Filosofia Política, Francisco Viana
O Ciclo de Debates Pensadores da Liberdade realizou mais uma edição do projeto desenvolvido pelo Centro de Estudos do Instituto Palavra Aberta. Sob o tema Pensar a liberdade, construir a democracia, Francisco Viana abordou a liberdade sob vários aspectos.
Sua palestra – confira abaixo o texto que norteou a sua apresentação – foi dirigida a estudantes dos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, e Propaganda e Marketing da Universidade Paulista (UNIP), que se reuniram no auditório do Campus Paraíso.
Marco-Moretti_1O jornalista e mestre em Filosofia Política, autor do artigo que consta do livro Pensadores da Liberdade – Em torno de um conceito, dividiu a cena com o professor Marco Moretti, coordenador do curso de Jornalismo, que mediou o evento.
Esta foi a última edição de 2014 do Ciclo de Debates Pensadores da Liberdade. “Para 2015, uma nova programação começa a ser moldada”, avisa Andrea Tissenbaum, coordenadora do Centro de Estudos do Instituto Palavra Aberta, que tem por objetivo incentivar a produção acadêmica e promover o debate e a ampliação de conhecimento dos temas liberdade de expressão e livre iniciativa nas universidades

Resenha - Pluralidade Cultural - Preconceito Musical


Resenha - Preconceito Musical

Todo o processo de discriminação sofrido pelo samba no Brasil até se tornar um produto de exportação, se deveu à ideia de ser diretamente associado às classes menos favorecidas o que retardou sua popularização dentro do território nacional.Essa realidade, por extensão, nos leva a constatar a forte resistência sofrida por alguns gêneros musicais em determinados setores da sociedade, como por exemplo o tropicalismo que na década de 60, mais precisamente durante o regime militar, teve uma ascensão muito significativa chegando até ser influenciado pela cultura estrangeira, principalmente o pop norte-americano.No entanto, algumas bandas como "OS MUTANTES" que incorporaram a guitarra elétrica em suas melodias sofreram críticas da sociedade e até mesmo de outros artistas. Por conta de tal divergência musical houve uma passeata contra a "GUITARRA ELÉTRICA" instrumento que era considerado símbolo do imperialismo norte-americano pelos próprios "TROPICALISTAS".

Não se pode perder a noção de que vivemos num país profundamente marcado pela confluência de etnias, credos e outras formas culturais em suas mais variadas formas o que consequentemente nos leva à conclusão óbvia de que diversos elementos se fazem presentes na nossa histórica formação sócio-cultural.
A diversidade e preconceito musical apresentaestados muito estereotipados principalmente com a música brasileira quando as classes mais elitizadas resolvem querer determinar o que é bom ou ruim em termos musicais. Entretanto, o panorama dessa informação pode ser retratado por uma ampla confluência de etnias, credos e outras formas culturais na qual acompanha todo o processo alguns territórios, sejaeleindígenas, portugueses, africanos e por imigrantes de diversas partes do mundo. A influência da mídia no gosto musical das pessoas é marcante, pois um estilo pode ser considerado “elitizado” a partir do momento em que a mídia o considera de “bom gosto”.

Um país de dimensões continentais como o Brasil, caracterizado por uma pluralidade cultural tão rica e singular, não pode se tornar refém do viés preconceituoso de uma minoria elitizada da população.Isso gera uma consequente segregação cultural e relega a segundo plano gêneros equivocadamente tidos como "inferiores",apenas porque não fazem parte do gosto de uma elite pretensamente mais intelectual.

A diversidade musical no Brasil é muito acentuada, como podemos ver por exemplo, na virada cultural em São Paulo, onde assistimos a ícones da música brasileira como Racionais MC's e Capital Inicial, dividindo um mesmo palco, cada um com seu estilo, juntos e misturando tudo.
Nos parece claro que a despeito de qualquer tipo de preconceito as palavras-chave são TOLERÂNCIA e RESPEITO às diferentes formas de expressão artísticas se desprendendo da ideia retrógrada de que há gêneros "melhores" e "piores","superiores" e "inferiores".
A apreciação da arte em seus mais diversos segmentos implica em nos tornarmos mais receptivos e menos resistentes à mudanças e inovações.

Especificamente falando sobre arte, lançar um olhar de reprovação ao primeiro contato com o "novo" ou "diferente" não é algo benéfico para nossa leitura crítica já que uma análise plena e ponderada deve ser receptiva aos vários elementos constituintes de um todo.

Em suma, arte é a livre expressão da individualidade humana e por vezes de um grupo social em particular, portanto, passível de inúmeras interpretações.Dentro desse panorama de tamanha multiplicidade cultural no qual estamos inseridos não cabe sob nenhuma justificativa qualquer forma de discriminação e intolerância.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

ESTUDO DAS LÍNGUA A PARTIR DAS PERPECTIVAS SINCRÔNICA E DIACRÔNICA


DIACRONIA E SINCRONIA

Um dos primeiros linguistas a definir parâmetros de estudo bem claros para as línguas naturais foi Ferdinand Saussure, famoso linguista franco-suíço, considerado o pai da ciência que estuda a linguagem humana, a Lingüística. Saussure (1995) deixou claro que os estudos linguísticos poderiam ser realizados em duas perspectivas distintas, a saber, a diacrônica e a sincrônica, assim conceituadas:

[...] a Linguística sincrônica (do grego sin = conjunto, simultaneidade+ chronos = tempo), também chamada de estática ou descritiva, e a Linguística diacrônica (do grego dia = através + chronos = tempo), também chamada de evolutiva ou histórica.

De acordo com essa citação, vemos que a Linguística sincrônica procuraria fazer um recorte na linguagem e estudá-la em uma determinada época. Já a Linguística diacrônica é o estudo da linguagem durante o transcorrer do tempo, isto é, a perspectiva diacrônica determina um estudo histórico da linguagem, no transcorrer de distintas épocas, visando à descrição da evolução linguística.

Antes de Saussure, essas perspectivas não eram sistematizadas como ele as apresentou a seus alunos. Hoje, elas definem os programas de estudos dos cientistas da linguagem, marcados em dois grandes “troncos de pesquisa”:a sincrônica e a diacrônica.

Assim, a título de exemplo, vamos supor que quiséssemos estudar a evolução da palavra “você” no transcorrer do tempo, como procederíamos diacronicamente falando? Primeiramente, procuraríamos estabelecer duas ou mais épocas distintas para estudar a evolução desta palavra (você), ou melhor, faríamos um recorte no tempo; imaginemos que a palavra “você” foi utilizada no Brasil em 1560, mas não era conhecida com este nome, e sim, designada pelo seguinte vocábulo: “vossa mercê”, logo veríamos o que aconteceu com esta palavra de 1560 a 1900, ou seja, supondo que com o frequente uso “vossa mercê” por volta de de1800, transformou-se em “vossmincê” e aproximadamente em 1900, “vossmincê” evoluiu para “você”, dessa forma estaríamos fazendo um estudo diacrônico no que tange à linguagem, ou seja, um estudo histórico comparativo sobre a linguagem.

Porém, se fizéssemos um estudo sincrônico deste mesmo vocábulo (você), perceberíamos outra abordagem, isto é, suponhamos que faríamos um estudo sincrônico do já mencionado vocábulo acima, imaginemos ainda uma época para estudar tão referido vocábulo, o ano seria o de 1999 e o mês janeiro, vamos supor que neste referido mês, falássemos “você”, todavia em maio deste mesmo ano esta mesma palavra evoluísse para “ocê” e finalmente (tudo isso no campo da suposição) em dezembro de 1999, esta palavra evoluiu e transformou-se no vocábulo “cê”.

Utilizado, inclusive, até hoje nas falas de muitas pessoas, entretanto, acreditamos que esse vocábulo “cê”, nunca será utilizado como “ê”, porque, sabemos que a língua evolui com certa lógica, aliás, é imprescindível saber que a língua não evolui, é o falante dessa língua que a faz evoluir, quando a utiliza no seu dia a dia para as diversas funções que a língua se presta, tais como: informar, interpelar, expressar o pensamento, integrar-se socialmente, comunicar-se, convencer, ou ser convencido, declarar, afirmar, concordar, discordar, enfim, mostrar a sua identidade, sua cultura e, inclusive, revelar a sua personalidade e ainda a dos outros que o cercam, já que “a priori” ninguém fala sozinho, apesar de sabermos que existem pessoas as quais falam com elas mesmas. É óbvio que isso não é um problema, desde que o ato de falar consigo mesmo não seja considerado patológico.

Do exposto anteriormente, vemos ser necessário escolher uma postura, isto é, um método para se estudar uma língua, por isso pensamos que o estudo da língua seja feito através do método sincrônico. Por quê?

Porque, conforme vimos neste trabalho, um estudo diacrônico da língua, seria um estudo histórico, evolutivo, desse modo, para este tipo de estudo teríamos que ter acesso a uma série de documentos e fatos históricos ocorridos no transcorrer do tempo, o que talvez se tornaria uma árdua tarefa estudar a língua pelo método acima mencionado, já que somos conscientes de que primeiro a humanidade falou e depois escreveu, isto é, a fala surgiu muito antes da escrita, e, inclusive muitas das grandes obras literárias foram antes faladas, ou seja, transmitidas de geração em geração em forma de versos, poemas, para que fossem, assim, preservadas, dentre elas: “A Ilíada” e “A Odisséia”, ambas obras atribuídas ao grande poeta grego, Homero.

Nesse aspecto, o ato de recolher ou de pesquisar fontes históricas bastante antigas, pode tornar o estudo de uma língua algo extremamente complicado, difícil e, praticamente, impossível, uma vez que muitos desses documentos podem ter se perdido no tempo ou se deteriorado com o passar dos anos, e ainda em se tratando de sincronia e diacronia, devemos optar pelo método de estudo alicerçado na sincronia, porque:

Do exposto, conclui-se que se torna muito mais vantajoso estudar os fatos linguísticos, considerando-os sob o prisma da Linguística Sincrônica, já que, pelos motivos anteriormente expostos e ainda especialmente, a escola deve optar por uma perspectiva sincrônica, pois, adotando-a, a escola proporcionaria aos alunos da educação básica uma visão mais ampla, mais completa dos fatos linguísticos que o cercam, dessa forma, eles poderiam se tornar mais eficientes no que tange ao uso adequado da linguagem em quaisquer situações de interação social por que passem.

Em consequência, isso contribuiria para desenvolver melhor a competência e a habilidade sócio-comunicativa que o aluno já possui, desde tenra idade, porque, segundo Chomsky (1971), nascemos com capacidades fisiológicas, biológicas e psicológicas para falar determinada língua.

ReferênciasCHOMSKY, Noam. Linguagem e pensamento. Petrópolis: Vozes, 1971.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Linguística Geral. 20 ed. São Paulo: Cultrix, 1995.

domingo, 19 de outubro de 2014

PLURALIDADE CULTURAL - REGIÃO SUDESTE

Cultura da Região Sudeste


Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo são os estados que integram a região Sudeste do Brasil. As manifestações culturais são muito diversificadas, com grandes influências dos povos indígenas, africanos, europeus e asiáticos.

Entre os vários elementos da cultura do Sudeste, estão:

Carnaval – festa popular comemorada em todo o Brasil. No Rio de Janeiro é realizado o carnaval mais famoso do mundo, e atrai turistas brasileiros e estrangeiros para prestigiarem os desfiles das escolas de samba.

Desfile de escolas de samba no carnaval

Batuque – dança africana que representa um ritual de fertilidade, sendo difundida nas cidades do interior paulista. A dança é realizada através de uma fileira de homens que fica a 15 metros de distância das mulheres, e, ao iniciar o ritual, os homens e as mulheres dão a “umbigada”, ou seja, o ventre da mulher bate na barriga do homem.


Samba de Lenço – é considerado o ancestral do samba cosmopolita. A utilização do lenço é uma forma de devoção a São Benedito. Apresenta aspectos similares ao jongo e o batuque. Sua dança é de origem africana, podendo ser praticada tanto no meio urbano (samba de salão) quanto na zona rural (samba de roda, samba campineiro e samba de lenço).


Folia de Reis ou Reisado – folguedo que ocorre no período do natal, de 24 de dezembro a 6 de janeiro, dia dedicado aos Santos Reis. A formação das folias difere-se conforme o lugar, normalmente são grupos de rapazes que realizam uma cantoria. Os instrumentos utilizados são: cavaquinho, violão, pandeiro, pistão e tantã. É um costume de origem portuguesa em comemoração à festa do Divino ou dos Reis Magos.

Folia de Reis

Congada – a congada consiste na luta do Bem contra o Mal. O Bem é representado pelos cristãos, o Mal é o grupo de mouros. O Bem usa roupa azul, e o mal, vermelha. Há lutas, embaixadas, cantos, e sempre os cristãos vencem os mouros, que são batizados. E, todos juntos, fazem a festa em louvor a São Benedito, padroeiro dos negros em todo o Brasil.

Ticumbi – consiste numa vertente da congada, praticada somente no Espírito Santo. São negros com trajes brancos e fitas coloridas. É uma manifestação guerreira dramática.

Dança de São Gonçalo – dança de origem portuguesa. É composta por duas fileiras, uma de homens e outra de mulheres, na qual as moças se vestem de branco, rosa ou azul. Cada fileira é encabeçada por dois violeiros que ditam o ritmo da dança. Os dançarinos ficam dando “voltas” que recebem nomes especiais, como marca passo, parafuso e casamento.

Festa de Iemanjá – muito popular no Nordeste, em especial na Bahia, a Festa de Iemanjá é uma homenagem à principal entidade feminina do Candomblé, Umbanda e Macumba. Nessa manifestação cultural os devotos levam presentes (perfumes, bebidas flores, etc.) para a Rainha do Mar.

Festa de Iemanjá

A culinária do Sudeste brasileiro é bem diversificada, e apresenta elementos da culinária indígena, dos escravos africanos e dos imigrantes europeus e asiáticos. Entre os principais pratos típicos da região estão: feijoada, feijão-tropeiro, farofa, cuscuz paulista, pizza, moqueca capixaba, angu, frango com quiabo, pão de queijo, cachaça de alambique, entre outros.